Ordenação episcopal do monsenhor Nivaldo dos Santos Ferreira

Destaque; Do Coração do Arcebispo; Notícias

O monsenhor Nivaldo dos Santos Ferreira será ordenado bispo durante Celebração Eucarística na Catedral Cristo Rei, no dia 11 de fevereiro de 2021, às 10 horas – abertura do Ano Jubilar Centenário da Arquidiocese de Belo Horizonte. Será a primeira ordenação episcopal celebrada na Catedral Cristo Rei.

Os bispos ordenantes são: dom Walmor Oliveira de Azevedo, dom Joaquim Giovani Mol Guimarães e dom Vicente de Paula Ferreira.

Monsenhor Nivaldo dos Santos Ferreira foi nomeado bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte pelo Papa Francisco, no dia 23 de dezembro de 2020.

Em razão da pandemia da covid-19, o convite é para que os fiéis vivenciem este momento especial a partir dos meios de comunicação. A ordenação episcopal será transmitida pela TV Horizonte (Canal 30, em sinal aberto), Rádio América (AM 750), outras emissoras católicas e redes sociais.

Monsenhor Nivaldo dos Santos Ferreira

Monsenhor Nivaldo dos Santos Ferreira nasceu em Barbacena (MG), no dia 3 de junho de 1967, penúltimo filho de Francisco Ferreira e Nersinha Therezinha Viol Ferreira, já falecidos. Entrou no Seminário Menor de Nossa Senhora da Assunção, da Arquidiocese de Mariana (MG), aos 13 anos. Após o falecimento de seu pai, em outubro de 1980, ainda permaneceu no seminário por mais um ano, mas voltou ao convívio familiar no final de 1981.

Ao mesmo tempo em que concluía os estudos do ensino fundamental, antigo 1º grau, em Ibertioga (MG), onde residiu com sua tia Iolanda Santa Rosa, trabalhou em uma padaria, aprendendo diversos serviços, inclusive administrativos.

Em 1984, entrou para o Seminário Menor da Congregação dos Padres Orionitas, em Belo Horizonte. Ali concluiu o Ensino Médio e deu início ao noviciado, mas deixou a congregação, em 1987. Na sequência, monsenhor Nilvado frequentou curso preparatório pré-vestibular e trabalhou em uma empresa distribuidora de produtos alimentícios.

No ano seguinte, ingressou na primeira turma da etapa do Propedêutico da Arquidiocese de Belo Horizonte. Estudou Filosofia (1989-1991) e Teologia (1992-1995) na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Foi ordenado diácono no dia 27 de maio de 1995, na Paróquia Santo Antônio, bairro Jaraguá. Foi ordenado presbítero no dia 18 de maio de 1996, na Paróquia São Sebastião do Barro Preto. Ambas ordenações presididas pelo cardeal Serafim Fernandes de Araújo, então arcebispo metropolitano de Belo Horizonte.

Já ordenado, iniciou mestrado na Faculdade Jesuíta. Em 2001, transferiu-se para Roma, onde concluiu o mestrado em Teologia Fundamental na Pontifícia Universidade Gregoriana.

Monsenhor Nivaldo desempenhou diversas funções em seu ministério presbiteral na Arquidiocese de Belo Horizonte. Foi vigário, administrador e pároco em algumas paróquias da Arquidiocese, professor no Seminário Propedêutico e no curso de Teologia da PUC Minas. Também atuou como assessor eclesiástico da Associação de Dirigentes Cristãos de Empresas (ADCE), assessor arquidiocesano da Pastoral Familiar, vigário forâneo da Forania São José do Calafate e membro do Conselho Permanente de Formação do Seminário Arquidiocesano Coração Eucarístico de Jesus.

Atuou, de 2012 a 2018, como reitor do Seminário Arquidiocesano Coração Eucarístico de Jesus. Em seguida, assumiu a reitoria do Santuário Arquidiocesano São Judas Tadeu, no bairro da Graça, em Belo Horizonte.

O novo bispo auxiliar eleito da Arquidiocese de Belo Horizonte também foi presidente da Organização dos Seminários e Institutos do Brasil no Regional Leste 2 (OSIB Leste 2), de 2009 a 2014, e da OSIB Nacional, de 2015 a 2018.

Atualmente, Monsenhor Nivaldo atua como formador e professor de Teologia para os candidatos da Escola Diaconal São Lourenço, coordenador do Grupo de Reitores de Santuários da Arquidiocese de Belo Horizonte e vigário forâneo da 4ª Forania Nossa Senhora das Dores, da Região Episcopal Nossa Senhora da Piedade, da Arquidiocese de Belo Horizonte.

DO BRASÃO EPISCOPAL

I – Deus Uno e Trino: a espiritualidade trinitária está indicada pela invocação central, na vertical, da Glória da Cruz: + Glória ao Pai (parte superior), + Glória ao Filho (Cordeiro Imolado — mártir, ao centro), e + Glória ao Espírito Santo (parte inferior).

II – A inspiração do Espírito Santo (símbolo da Pomba — parte superior central) preside toda a mensagem da “Paz, que é artesanal” (Papa Francisco). É o Espírito que pairava sobre as águas, na Criação (Gn 1,2); o Espírito do Ressuscitado soprado sobre os Apóstolos (Jo 20,22; At 2,2-4), para continuarem a Profecia e a missão da Igreja.

III – O Cordeiro Imolado, Jesus Cristo Redentor, explicita o lema “Oboediens usque ad mortem”.

  • Livro do Profeta Isaías 52,13: “Vede! O meu servo prosperará, será exaltado, elevado, e muito sublime.”
  •  Livro do Profeta Isaías 53,12: “Por isso, vou partilhar muitos com ele, e com os fortes dividirá os despojos, pois entregou à
    morte sua própria vida, e foi contado entre os criminosos. Ele, porém, estava carregando os pecados de muitos e agora intercede
    pelos transgressores.”
  •  Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas 22,37: “Pois eu vos digo: é preciso que se cumpra em mim a palavra da Escritura:
    ‘Ele foi contado entre os malfeitores. O que foi dito a meu respeito está se consumando’.”
  • Carta de São Paulo aos Filipenses 2,8: “Obediente até a morte e morte de Cruz.”
  • ✓ Obediência (do latim oboedire = escutar com atenção, de OB, “atenção”, +
    AUDIRE, “escutar”). Escuta com atenção a Palavra do Pai, faze a vontade do Pai.
    Sê livre, sê para… Entrega-te!
    ✓ Morte (do latim mortem): morte substitutiva (de Cristo), que nos livra da morte
    eterna. É o Mistério Fontal: Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor. É o Mistério
    da Páscoa: oblatividade universal: dá a sua vida por todas e todos. Esvaziou-se;
    desapegou-se, humilhou-se… Kenosis.
    ✓ Cruz e Cordeiro em vermelho: pela força do Espírito de Amor, o Martírio: maior
    testemunho. Cristo é Fiel até o fim, não para vencer, mas para servir: “Veio para
    servir e não ser servido” (Mt 20,28). “Quem quiser ser meu discípulo, renuncie a
    si mesmo, tome a sua cruz e siga-me!” (Mt 16,24). (Mística do Chamado).

IV – A Coroa representa Maria: ela é a Rainha do Céu e da Terra porque em primeiro lugar escuta com qualidade a Palavra de Deus e oferece o seu “Faça-se” (Lc 1,38). Maria é a primeira discípula/missionária. Segue seu Filho até a Morte de Cruz! Torna-se nossa Mãe pela solidariedade misericordiosa do Coração de Jesus. A palavra profética que nasce do seu cuidadoso coração é: “fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo 2,5).

V – As doze Estrelas: indicam a totalidade do Povo de Deus ao qual servir. Reunido pelas doze tribos de Israel (Ruben, Simeão, Judá, Zebulão, Isacar, Asher, Neftáli, Efraim, Manassés, Gad, Benjamim e Levi) e, depois, constituído pelos doze Apóstolos (Pedro, Tiago, João, André, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, Tadeu, Simão) enviados pelo Ressuscitado para a construção de uma “Igreja em saída” (EG 20), proclamadora da Palavra, samaritana, profética e servidora da Obra Redentora do Senhor, em todo o mundo.

VI – O Lírio representa José do Egito: irmão universal (Gn 37,11-28; 41,41ss). Representa acima de tudo José, descendente de Davi, de cuja raiz deveria nascer Jesus (Mt 1,16.20). Portanto, José escolhido e aberto à Palavra de Deus, “sonha os sonhos lindos de Deus” e não hesita em cumprir a Vontade de Deus que o chama: levanta-se e se coloca a caminho para cuidar e proteger a Vida da Mãe e do Filho (Mt 2,13) — as duas preciosidades da nossa fé. É “patris corde” (Papa Francisco): pai amado, de ternura, na obediência, no acolhimento, com coragem criativa, trabalhador, na sombra (silêncio eloquente).

VII – Na Barca de Pedro estão todas e todos os convidados (como os Apóstolos) a acolher a indicação do Senhor de “lançar as redes para as águas mais profundas” (Lc 5,4). Agitada pelos ventos e pelas ondas do mar da vida, essa barca não pode parar de buscar outra margem (sempre outra percepção). Assim, poderá colher, com ousadia e perseverança, a realidade última de cada pessoa, acontecimento, lugar cultural e social, principalmente das multidões mais pobres. A travessia da Igreja é em direção ao Reino da Justiça e da Paz. Daqui
se deduz que temos de dar passos, peregrinar, sem medo no caminho evangelizador, com Profecia e Testemunho, deixando marcas inspiradoras para facilitar a adesão a Cristo.

VIII – Nuvem: o “Lançar as redes” hoje é “entrar na Rede”. Tempos desafiadores de comunicação. De fato, a nuvem na Bíblia significa, tanto no AT quanto no NT, o lugar da auto-comunicação de Deus ao ser humano: por exemplo, “na manhã do terceiro dia…, uma nuvem espessa cobria a montanha…, o Senhor desceu sobre o monte Sinai, e chamou Moisés… (Ex 19, 16.20) e “Da nuvem veio a voz: ‘Este é o meu Filho Amado, Escutai-O’” (Mc 9, 7). Agora, da Nuvem Virtual (ciberespaço) deve ecoar a Palavra para todos que estão conectados, independentemente de raça, sexo, credo, cultura e realidade  social. “Tudo está interligado!” (Laudato Sì, 138). O azul do mar é acolhedor
da nossa humanidade peregrina, responsável pela construção artesanal da justiça e da paz: “Vamos precisar de todo mundo: um mais um é sempre mais que dois, a felicidade mora ao lado… Para melhor construir a vida nova, é só repartir melhor o pão.” (Beto Guedes, Sal da Terra).

IX – O semicírculo verde que divide o brasão é habitado ecologicamente pela sonhada Casa Comum, que deve ser cuidada por todos. Recolhedora de energia pura (sustentável), para inspirar a Economia de Francisco e Clara, que prioriza a vida de todos, principalmente dos pobres, três antenas em movimento indicam o ser humano aberto a Deus, capaz de colher também a energia espiritual ininterruptamente — única que permite garantir a Ecologia Integral, da fraternidade e amizade social (Fratelli Tutti, 6).

X – Três montes são indicados na parte superior com as linhas coloridas em vermelho, verde e escuro. O Monte é o lugar da mística (pela ascese e oração, o diálogo salutar com Deus): “Jesus subiu ao monte para rezar” (Mt 14,23). O primeiro monte, em vermelho, alude ao Monte Calvário, onde foi fincada a Cruz de Cristo neste mundo para nos salvar. O segundo monte, escuro, a Serra da Piedade — Magnífica Arquitetura Divina (Jardim de Nossa Senhora da Piedade) — de que devemos cuidar, proteger e não explorar seu minério para abastecer a ganância e o lucro. É Casa Comum de todas e todos, e não fonte de riqueza de alguns poucos. Assim é toda a natureza, indicada pelo terceiro monte, que é o Monte Mário, situado na Serra da Mantiqueira, em Barbacena – MG, referência para o Distrito Rural do Faria, terra natal do bispo.

XI – O dourado que circunda toda a periferia do Brasão indica a opção preferencial pelos pobres e caídos (o ouro da Igreja), reafirmando uma Igreja samaritana e em saída. É o verdadeiro tesouro da Igreja, como menciona São Lourenço, mártir. São os preferidos de Deus e aqueles que foram buscados por  Jesus, seja nas periferias das cidades (caídos e esquecidos pelos caminhos), seja nas periferias existenciais da sociedade adoecida pelo preconceito e pela injustiça social. De fato, Deus caminha conosco, luta conosco e não faz acepção
de pessoas (At 10,34).

Fonte: Arquidiocese de Belo Horizonte