CATEQUESE EUCARISTIA – 6
CATEQUESE EUCARISTIA – 5
CATEQUESE EUCARISTIA – 4
“Por suas Chagas fomos curados!” Confira a programação da Semana Santa 2021
Dom Nivaldo visita Foranias da Região Episcopal Nossa Senhora Aparecida no mês de março
O bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte e referencial da Região Episcopal Nossa Senhora Aparecida (Rensa), dom Nivaldo dos Santos Ferreira, visitará as Foranias da Região Episcopal, durante o mês de março.
As visitas já começaram: no dia 02 de março, dom Nivaldo foi até as quatro paróquias da Forania Cristo, Luz dos Povos. Após conhecer as comunidades de fé, os fiéis acolheram o bispo, que presidiu Missa na Paróquia Jesus Missionário, em Belo Horizonte.
Já no dia 04 de março foi o momento de visitar a Forania São Paulo da Cruz. Na ocasião, o bispo conheceu as dez paróquias que integram a Forania e presidiu Missa na Paróquia Cristo Redentor, em Belo Horizonte. A Celebração Eucarística foi concelebrada pelos padres da Forania.
Um século de missão e fé
A jovem Igreja, Arquidiocese de Belo Horizonte, celebra um século de missão e fé. O ciclo de uma promissora história missionária foi iniciado pelo gesto canônico e zelo apostólico do Papa Bento XV. Também por meio da labuta pastoral e clarividência de Dom Silvério Gomes Pimenta, então arcebispo metropolitano de Mariana – a Igreja primeira de Minas Gerais. À nova capital mineira, pouco antes de seu jubileu de prata de inauguração, deu-se o louro de ser sede de um grande projeto de evangelização, desdobrado, fecundado e frutificado no desenrolar desse primeiro século de sua história. Era o dia 11 de fevereiro de 1921 quando a então Diocese de Belo Horizonte foi criada e, agora, chegou o momento de celebrar a caminhada centenária: do coração de Minas Gerais, de sua capital, 100 anos da concepção de uma etapa nova para um tempo novo. Uma trajetória que prossegue edificada sobre os alicerces de lições preciosas – em heranças e testemunhos -, a partir de alegrias jubilares e jubilosas. Um século de missão e de fé, repleto do compromisso com a vida, de se proclamar a Palavra de Deus, o Evangelho de Jesus, ao lado dos pobres, caminhando com eles, em diálogo aberto com todos.
A Arquidiocese de Belo Horizonte, pioneiramente presente no mundo da educação, da arte e da cultura, da defesa do meio ambiente, protagonista na comunicação, em interface com os segmentos construtores da sociedade da paz e da solidariedade. Uma história bem iniciada – tudo que começa bem, mesmo entre percalços e desafios, avança para o bem. Por isso mesmo, reverência aos alicerces lançados por gigantes na fé e no pastoreio. A pedra fundamental veio com Dom Antônio dos Santos Cabral, primeiro arcebispo, que contemplou horizontes belos e inspiradores. Esses horizontes foram fecundados pelo pastoreio sapiencial de Dom João Resende Costa, segundo arcebispo, que firmou as raízes da Arquidiocese de Belo Horizonte na mística de uma espiritualidade-fonte. Avanços extraordinários vieram com o corajoso pastoreio do Cardeal Dom Serafim Fernandes de Araújo – conquistas pastorais e na gestão para confirmar uma Igreja Povo de Deus, construindo a esperança, enriquecida pelo destemor dos caminhos entre grandes viradas civilizatórias e culturais, na convicção de que proclamar a palavra de Deus é o fermento da história e dos avanços que sempre devem ser buscados.
O legado dessas décadas responsabiliza, contribui e inspira os servidores operários da contemporaneidade, encharcando-os de gratidão e de paixão pelo Reino de Deus – desdobradas em serviços para gerar solidariedades e, assim, edificar um mundo de mais justiça, fraternidade e paz. Essa paixão de servidores consagrados, dedicados à bela missão de se estar a serviço do Evangelho, defendendo a vida, em todas as suas etapas, deságua no oceano da beleza encantadora da fé que une o Povo de Deus. A fé, que está nas bases da cultura desse povo, constitui uma identidade missionária que exala a alegria de pertencer a uma crescente rede de comunidades, em paróquias e famílias – cada casa é lugar do amor de Deus.
Clara é a consciência de que o serviço prestado constitui gota d’água no mar de necessidades e de urgências para que, efetivamente, seja construída a cultura da paz, selado o coração humano com as marcas do Evangelho. A celebração do ano jubilar, com abertura neste 11 de fevereiro, é programação, acima de tudo, marcada por uma espiritualidade mística, desdobrada em ardor missionário, compaixão misericordiosa, diálogo permanente, anúncio corajoso e sapiencial para firmar os alicerces do ciclo novo que se abre, como broto de esperança, luz que permite enxergar horizontes. A programação envolve os segmentos da Arquidiocese de Belo Horizonte e a sociedade civil. Um tempo a ser vivido em profunda comunhão com o Papa Francisco, com homens e mulheres de toda a Igreja Católica, mundo afora, desafiados a promover uma grande reação missionária, para multiplicar gestos de solidariedade, presença do Reino de Deus na humanidade.
Edifica-se, no coração da Arquidiocese de Belo Horizonte, jovem Igreja de cem anos, impulsos e inspirações para conquistar, com galhardia, um novo centenário, cumprindo, amorosamente, a obediência inegociável ao mandato de seu Senhor e Mestre: “Ide para fazer discípulos”. As celebrações, os momentos de espiritualidade, os eventos culturais e pastorais, a coragem profética de gestos e projetos na efetivação do cuidado social, a partir do núcleo insubstituível da fé cristã católica, são alavancas para qualificar o patrimônio evangelizador, missionário e sociocultural. Todos esses acontecimentos ajudam a convencer o mundo da força do amor de Deus, fazendo com que muitos se abram a este amor.
A jovem Igreja da Arquidiocese de Belo Horizonte, com ares e traços de amadurecida, consciente de sua tarefa e de suas possibilidades, convida cada pessoa para participar da festa jubilar. Essa participação ilumina a consciência de se pertencer a um “corpo”, ao qual se deve sempre amar, prezar e cuidar. Zelo assumido por todos, reconhecendo que a vida deve ser dedicada à construção dos alicerces que sustentem um novo século de missão, com a benção de Deus, a proteção de Nossa Senhora da Piedade, Padroeira de Minas Gerais, e o patrocínio de São José. Adiante, rumo ao novo tempo, na construção dos próximos 100 anos de serviços ao povo de Deus nos alicerces da fé.
Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte
Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)
Fonte: Arquidiocese de Belo Horizonte
A Quaresma como Retiro Espiritual – Padre Márcio Pimentel, Secretariado Arquidiocesano de Liturgia
O Tempo Quaresmal é o mais exigente Retiro, com o qual devemos estar comprometidos, todos os anos. A Liturgia da Igreja reza e ensina que na Quaresma o Pai reabre para a Igreja “a estrada do Êxodo, para que ela (…) humildemente tome consciência de sua vocação como povo da aliança.”1
Essa oração estabelece a significação mais profunda do Tempo Quaresmal, situando-a no quadro do acontecimento pascal. Assim como o povo de Deus peregrinou quarenta anos no deserto após a libertação do jugo egípcio, purificando seus hábitos, atitudes, pensamentos, sentimentos e ações, a fim de que estivesse apto a firmar com Deus o pacto, também a Igreja caminha – espiritualmente – pelo deserto no intuito de ser restituída como povo da aliança. Durante este período, o deserto é recriado, sobretudo, mediante a sobriedade e silêncio nas celebrações e os quarenta anos expressos nos quarenta dias necessários à intensa penitência e conversão do coração.
Assim como se deseja que um Retiro Espiritual recrie o ânimo e o vigor no testemunho do Evangelho, a Quaresma orienta-nos para um profundo despertar do senso batismal, que se exprimirá na Renovação das Promessas Batismais realizadas na Celebração da Vigília Pascal, durante o Tríduo Sacro. A experiência da via quaresmal é fundamental para que, na fidelidade, a assembleia santa responda à exortação do Apóstolo: “Será que ignorais que todos nós, batizados em Jesus Cristo, fomos na sua morte que fomos batizados? (…) pois se fomos identificados a Jesus Cristo por uma morte semelhante à sua, seremos semelhantes a ele também pela ressurreição.”
É importante ressaltar que a morte de Cristo é um evento “filial” conforme comenta Françõis-Xavier Durwell.2 O autor compreende que seria sombrio demais atribuir a morte de Jesus à causa de nossos pecados, no sentido de que “Deus o colocou em lugar de nossos pecados, atribuindo a ele a culpabilidade universal, transformando-o na encarnação do pecado, ‘o homem feito pecado’. Jesus teria esgotado, por seus sofrimentos, as exigências da justiça divina, até a experiência do inferno, do abandono, da rejeição de Deus.”3 E essa teologia – superada – tem encontrado, de novo, espaço entre alguns bancos de nossas igrejas.
É superada porque a missão do Filho entre nós foi e continua sendo a condução de toda pessoa à dignidade de ser chamado “Filho de Deus” por adoção. Sua vitória sobre o pecado e a morte foi a condição sine qua non para que se chegasse a essa conclusão salvífica. Usando ainda a terminologia do autor, a morte de Jesus foi uma “morte glorificante” porque por ela seu Espírito nos foi comunicado, como muito bem nos relata João em seu Evangelho. E esse Espírito é Espírito de filiação.4 A morte de Jesus da qual participamos pelo Batismo, conforme nos lembra Paulo, significou sua entrada na plenitude do Pai. Quando celebramos – sobretudo na Quaresma em que acentuamos a dimensão de nossa mortalidade ou finitude – unimo-nos a Cristo nesta experiência e assumimos nEle e dEle a mesma dinâmica de passar deste mundo para o Pai. Morremos como ele morreu, para ressuscitarmos como Ele ressuscitou: como filhos no Filho. Filhos que assumem sua vida redentora. Assim, tem muita razão o mesmo Prefácio V da Quaresma: “é justo e necessário (…) louvar-vos, Pai Santo, rico em misericórdia, e bendizer o vosso nome, enquanto caminhamos para a Páscoa, seguindo as pegadas de Jesus Cristo, vosso Filho e Senhor nosso, mestre e modelo de humanidade, reconciliada e pacificada no amor.”
De fato, a Quaresma é o melhor e mais importante Retiro que um cristão deve experimentar.
Pe. Márcio Pimentel
Liturgista
1Prefácio da Quaresma
2Cf. DURWELL, Françõis-Xavier. A morte do Filho. O mistério de Jesus e do homem. São Paulo: Loyola, 2009, p. 20.3Idem, p. 17.
4Cf. Idem, p. 22.
Fonte: Arquidiocese de Belo Horizonte
QUARESMA TEMPO DE CONVERSÃO, COMBATE ESPIRITUAL, JEJUM E ESCUTA DA PALAVRA DE DEUS
PARA QUE VIVAMOS BEM A SANTA QUARESMA É NECESSÁRIO PREPARÁ-LA BEM!
MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO PARA A QUARESMA DE 2021
«Vamos subir a Jerusalém…» (Mt 20, 18).
Quaresma: tempo para renovar fé, esperança e caridade.
Queridos irmãos e irmãs!
Jesus, ao anunciar aos discípulos a sua paixão, morte e ressurreição como cumprimento da vontade do Pai, desvenda-lhes o sentido profundo da sua missão e convida-os a associarem-se à mesma pela salvação do mundo.
Ao percorrer o caminho quaresmal que nos conduz às celebrações pascais, recordamos Aquele que «Se rebaixou a Si mesmo, tornando-Se obediente até à morte e morte de cruz» (Flp 2, 8). Neste tempo de conversão, renovamos a nossa fé, obtemos a«água viva» da esperança e recebemos com o coração aberto o amor de Deus que nos transforma em irmãos e irmãs em Cristo. Na noite de Páscoa, renovaremos as promessas do nosso Batismo, para renascer como mulheres e homens novos por obra e graça do Espírito Santo. Entretanto o itinerário da Quaresma, como aliás todo o caminho cristão, já está inteiramente sob a luz da Ressurreição que anima os sentimentos, atitudes e opções de quem deseja seguir a Cristo.
O jejum, a oração e a esmola – tal como são apresentados por Jesus na sua pregação (cf. Mt 6, 1-18) – são as condições para a nossa conversão e sua expressão. O caminho da pobreza e da privação (o jejum), a atenção e os gestos de amor pelo homem ferido (a esmola) e o diálogo filial com o Pai (a oração) permitem-nos encarnar uma fé sincera, uma esperança viva e uma caridade operosa.
1. A fé chama-nos a acolher a Verdade e a tornar-nos suas testemunhas diante de Deus e de todos os nossos irmãos e irmãs
Neste tempo de Quaresma, acolher e viver a Verdade manifestada em Cristo significa, antes de mais, deixar-nos alcançar pela Palavra de Deus, que nos é transmitida de geração em geração pela Igreja. Esta Verdade não é uma construção do intelecto, reservada a poucas mentes seletas, superiores ou ilustres, mas é uma mensagem que recebemos e podemos compreender graças à inteligência do coração, aberto à grandeza de Deus, que nos ama ainda antes de nós próprios tomarmos consciência disso. Esta Verdade é o próprio Cristo, que, assumindo completamente a nossa humanidade, Se fez Caminho – exigente, mas aberto a todos – que conduz à plenitude da Vida.
O jejum, vivido como experiência de privação, leva as pessoas que o praticam com simplicidade de coração a redescobrir o dom de Deus e a compreender a nossa realidade de criaturas que, feitas à sua imagem e semelhança, n’Ele encontram plena realização. Ao fazer experiência duma pobreza assumida, quem jejua faz-se pobre com os pobres e «acumula» a riqueza do amor recebido e partilhado. O jejum, assim entendido e praticado, ajuda a amar a Deus e ao próximo, pois, como ensina São Tomás de Aquino, o amor é um movimento que centra a minha atenção no outro, considerando-o como um só comigo mesmo [cf. Enc. Fratelli tutti (= FT), 93].
A Quaresma é um tempo para acreditar, ou seja, para receber a Deus na nossa vida permitindo-Lhe «fazer morada» em nós (cf. Jo 14, 23). Jejuar significa libertar a nossa existência de tudo o que a atravanca, inclusive da saturação de informações – verdadeiras ou falsas – e produtos de consumo, a fim de abrirmos as portas do nosso coração Àquele que vem a nós pobre de tudo, mas «cheio de graça e de verdade» (Jo 1, 14): o Filho de Deus Salvador.
2. A esperança como «água viva», que nos permite continuar o nosso caminho
A samaritana, a quem Jesus pedira de beber junto do poço, não entende quando Ele lhe diz que poderia oferecer-lhe uma «água viva» (cf. Jo 4, 10-12); e, naturalmente, a primeira coisa que lhe vem ao pensamento é a água material, ao passo que Jesus pensava no Espírito Santo, que Ele dará em abundância no Mistério Pascal e que infunde em nós a esperança que não desilude. Já quando preanuncia a sua paixão e morte, Jesus abre à esperança dizendo que «ressuscitará ao terceiro dia» (Mt 20, 19). Jesus fala-nos do futuro aberto de par em par pela misericórdia do Pai. Esperar com Ele e graças a Ele significa acreditar que, a última palavra na história, não a têm os nossos erros, as nossas violências e injustiças, nem o pecado que crucifica o Amor; significa obter do seu Coração aberto o perdão do Pai.
No contexto de preocupação em que vivemos atualmente onde tudo parece frágil e incerto, falar de esperança poderia parecer uma provocação. O tempo da Quaresma é feito para ter esperança, para voltar a dirigir o nosso olhar para a paciência de Deus, que continua a cuidar da sua Criação, não obstante nós a maltratarmos com frequência (cf. Enc. Laudato si’, 32–33.43–44). É ter esperança naquela reconciliação a que nos exorta apaixonadamente São Paulo: «Reconciliai-vos com Deus» (2 Cor 5, 20). Recebendo o perdão no Sacramento que está no centro do nosso processo de conversão, tornamo-nos, por nossa vez, propagadores do perdão: tendo-o recebido nós próprios, podemos oferecê-lo através da capacidade de viver um diálogo solícito e adotando um comportamento que conforta quem está ferido. O perdão de Deus, através também das nossas palavras e gestos, possibilita viver uma Páscoa de fraternidade.
Na Quaresma, estejamos mais atentos a «dizer palavras de incentivo, que reconfortam, consolam, fortalecem, estimulam, em vez de palavras que humilham, angustiam, irritam, desprezam» (FT, 223). Às vezes, para dar esperança, basta ser «uma pessoa amável, que deixa de lado as suas preocupações e urgências para prestar atenção, oferecer um sorriso, dizer uma palavra de estímulo, possibilitar um espaço de escuta no meio de tanta indiferença» (FT, 224).
No recolhimento e oração silenciosa, a esperança é-nos dada como inspiração e luz interior, que ilumina desafios e opções da nossa missão; por isso mesmo, é fundamental recolher-se para rezar (cf. Mt 6, 6) e encontrar, no segredo, o Pai da ternura.
Viver uma Quaresma com esperança significa sentir que, em Jesus Cristo, somos testemunhas do tempo novo em que Deus renova todas as coisas (cf. Ap 21, 1-6), «sempre dispostos a dar a razão da [nossa] esperança a todo aquele que [no-la] peça» (1 Ped 3, 15): a razão é Cristo, que dá a sua vida na cruz e Deus ressuscita ao terceiro dia.
3. A caridade, vivida seguindo as pegadas de Cristo na atenção e compaixão por cada pessoa, é a mais alta expressão da nossa fé e da nossa esperança
A caridade alegra-se ao ver o outro crescer; e de igual modo sofre quando o encontra na angústia: sozinho, doente, sem abrigo, desprezado, necessitado… A caridade é o impulso do coração que nos faz sair de nós mesmos gerando o vínculo da partilha e da comunhão.
«A partir do “amor social”, é possível avançar para uma civilização do amor a que todos nos podemos sentir chamados. Com o seu dinamismo universal, a caridade pode construir um mundo novo, porque não é um sentimento estéril, mas o modo melhor de alcançar vias eficazes de desenvolvimento para todos» (FT, 183).
A caridade é dom,que dá sentido à nossa vida e graças ao qual consideramos quem se encontra na privação como membro da nossa própria família, um amigo, um irmão. O pouco, se partilhado com amor, nunca acaba, mas transforma-se em reserva de vida e felicidade. Aconteceu assim com a farinha e o azeite da viúva de Sarepta, que oferece ao profeta Elias o bocado de pão que tinha (cf. 1 Rs 17, 7-16), e com os pães que Jesus abençoa, parte e dá aos discípulos para que os distribuam à multidão (cf. Mc 6, 30-44). O mesmo sucede com a nossa esmola, seja ela pequena ou grande, oferecida com alegria e simplicidade.
Viver uma Quaresma de caridade significa cuidar de quem se encontra em condições de sofrimento, abandono ou angústia por causa da pandemia de Covid-19. Neste contexto de grande incerteza quanto ao futuro, lembrando-nos da palavra que Deus dera ao seu Servo – «não temas, porque Eu te resgatei» (Is 43, 1) –, ofereçamos, juntamente com a nossa obra de caridade, uma palavra de confiança e façamos sentir ao outro que Deus o ama como um filho.
«Só com um olhar cujo horizonte esteja transformado pela caridade, levando-nos a perceber a dignidade do outro, é que os pobres são reconhecidos e apreciados na sua dignidade imensa, respeitados no seu estilo próprio e cultura e, por conseguinte, verdadeiramente integrados na sociedade» (FT, 187).
Queridos irmãos e irmãs, cada etapa da vida é um tempo para crer, esperar e amar. Que este apelo a viver a Quaresma como percurso de conversão, oração e partilha dos nossos bens, nos ajude a repassar, na nossa memória comunitária e pessoal, a fé que vem de Cristo vivo, a esperança animada pelo sopro do Espírito e o amor cuja fonte inexaurível é o coração misericordioso do Pai.
Que Maria, Mãe do Salvador, fiel aos pés da cruz e no coração da Igreja, nos ampare com a sua solícita presença, e a bênção do Ressuscitado nos acompanhe no caminho rumo à luz pascal.
Roma, em São João de Latrão, na Memória de São Martinho de Tours, 11 de novembro de 2020.
Francisco